quarta-feira, 11 de abril de 2018

                                                              BRAVURA A BORDO


Julia era uma jovem negra de cabelos curtos, media 1,65 e mantinha um corpo oval.  A jovem que recém terminava o curso secundário, começava a entrar no mercado de trabalho. Julia sempre foi muito bem esforçada e curiosa, cujas características a permitiram conhecer dotes requintados de conhecimento, como o domínio de três idiomas estrangeiros, escultura, historias antigas e contemporâneas e sabia como ninguém ser uma pessoa empática.

A moça fez uma única entrevista de emprego. Desse encontro formal, ela extraiu uma oportunidade que lhe reuniria o melhor do mundo; diversidade, cultura e muita interação. Julia acabara de ser contratada para trabalhar em um navio, onde ocuparia a vaga de um homem que abandonara o cargo.

Seu curriculum, vazio de experiencias, mas admirável condizia a uma jovem de classe média baixa que soube aproveitar seu tempo de estudo e as oportunidades que por sorte lhe chegaram.  Por mais que não usufruísse de uma validade compreensão sobre vinhos, ela seria a responsável por sugerir e recomendar vinhos para acompanhar as refeições dos passageiros.

Seus primeiros dias lhe reservavam dez horas de serviço e geraria á inexperiente, puro estranhamento e preparo. Por certo, o ¨ mini mundo flutuante¨ lhe exigiria empenho exorbitante.

Apesar do rígido serviço, Julia correspondia á precisão do local e aos poucos sua função de sommelier de vinhos ia se adequando a suas capacidades. O lugar onde Julia trabalhava, era praticamente formado por homens, ela era uma raridade naquele recinto que exprimia álcool. Entretanto, não deixava de ter contato com outros funcionários do sexo feminino.

Ter o convívio com mulheres naquele ambiente de trabalho, não lhe favorecia em quase nada, assim como trabalhar com homens também não lhe agradava tanto. Antipatia era o que lhe passavam. Por efeito de uma imagem recebida como desproporcional, Julia viveu diariamente com olhares de repudio, piadas ofensivas e sobretudo chacota alheia.

Ainda que o rebaixamento moral a fizesse desigual aos demais trabalhadores, a moça sabia o que queria, desvendar o sentido da vida para lá da teoria. Percebia-se que Julia guardava nos olhos algum sentimento que gritava em seu jeito disposto de viver. Traduzia sua beleza em simpatia, mesmo que ela fosse retida pela amargura.

Nas horas vagas, Julia ficava em sua cabine, recinto pertencente aos empregados. Neste momento a nobre jovem revivia suas memorias passadas e mutilava sua barriga para tentar livrar-se de alguns centímetros. Ao que se indica, a subsistência de um sofrimento emocional que completava seu temperamento. Uma mistura de masoquismo corporal com entusiasmo ostensivo.


A veracidade dos episódios dramáticos vividos por Julia atribuía dupla infelicidade embutida em uma vitrine circular contida em uma carcaça golpeada por condenações defeituosas. O uniforme usado por Julia era algo aparentemente suave e cordial no que implicava em saia justa com blusa justa e sapatos rústicos. O visual parecia incomodar os servidores próximos, o que a colocava em situações constrangedoras.  Risos, gestos afrontosos e palavras vergonhosas a promovia profundamente uma batalha com sua disfarçada alegria externa diminuindo seus pontos fortes que a fizeram chegar ali.

A vida em alto mar trouxe a Julia o mais baixo nível de presença esperado pela jovem que ansiava concretizar o tempo e o existir na evolução visionaria do modo de projetar uma perspectiva equivalente a múltiplas misturas de igualdade.

Julia foi trancada por colegas em um porão de armazenamento de barris sendo comparada ao mesmo recipiente usado para depositar vinho. Sua falta foi justificada com um ato de finamento. A direção geral do navio buscou Julia pelas encostas para resgata-la, porém não imaginavam que a castigada jovem estaria nos fundos da embarcação por causa da desconformidade anatômica original de sua matéria.

No porão o balanço da maré agitava os pensamentos de Julia. O lugar que isolava as cargas da área superior do navio, fato que impedia ainda mais de a jovem ser localizada, pois aquele lugar se frequentava quando apenas se cabia a necessidade de repor o vinho para consumo. Isso a deixava mais deprimida e contribuindo para a maldita ação daqueles que a desprezavam.

Esta desoladora situação perdurou por três dias, esgotando energias humanas e sobre-humanas que a regiam. O frio e a umidade a fazia tremer-se em meio ao escuro e ao barulho do motor, causando-lhe incomodo. No último solo, era possível sentir algo concreto chocar o piso do navio.  O que mais lhe acessível estava naquela circunstancia era alguns moldes de pescado e vinhos, alimentos que a ajudaram a resistir aquela tenebrosa condição

A idônea Julia estava por ter seu desenlace. O zelo, estimo e sorte já não lhe acompanhariam mais, pois com certeza a energia que conserva sua viveza percorria as ondas que rapidamente se desfaziam na imensidão das águas


Por ventura, um agente governou o controle a favor da moça retomando a sorte em sua direção. O transporte fez uma parada nas ilhas Canarias, um arquipélago no Oceano Atlântico.  Nessa pausa, embarca Alejandro Mendonza, o proprietário do magnifico e imponente navio. Sua intenção, seria fazer um giro ao redor dos quatro ventos.

Ao longo da excursão, os mantimentos estavam acabando e precisavam ser repostos. O que ficava no porão de armazenamento não seria o bastante para concluir a viagem e outro intervalo de tempo foi feito. Vinculado ao comprometimento com o padrão estrelar de sua propriedade aquática, Alejandro Mendonza decide ir juntamente com os tripulantes ao interior da embarcação.

Dando a supervisão, o proprietário chega ao ponto mais tocante e arrojado. Ao abrir a porta do dito porão, o estarrecimento ocupa gestos improváveis. Alejandro e Julia olharam-se com sensações totalmente distintas: Ela aflita e ele assustado. Sem hesitar, imediatamente Alejandro solicitou a um de seus empregadores a retirada da moça e consequência dos sinais de fragilidade a levasse prontamente a um quarto ofertando o maior grau de assistência.

Sua aparência debilitada requeria melhores cuidados, e por ordem máxima de Alejandro Mendonza, outra vez o navio parou o trajeto para prestar atenção medica a funcionária abandonada cruelmente por outros funcionários.

Passado alguns dias, o estado de vulnerabilidade se aliviava tornando-a capaz de repor o vigor e novamente persistir com seu roteiro de vida. Contudo, Julia não seguiria trabalhando naquele ambiente.

 Devido ao quão impressionante e grave foi o cenário em que se encontrou a jovem batalhadora, o seu redentor foi coberto de sentimentos de ternura instruídos ao coração de Julia, o que não foi compatível com os tratamentos que Julia carecia neste período de desapontamento e insucesso.  Estas sensações vividas por Julia eram rotineiras em sua existência, no decorrer de sua sobrevivência até o instante sombrio vivido, a jovem fora rejeitada por uma variedade de pessoas, especialmente um rapaz com quem despertava interesse amoroso. 

Alejandro Mendonza deu a Julia a segurança de que a cena solitária não se repetiria, pois a protegeria e a manteria viva. Foi difícil para Julia acreditar que estava sendo querida por um homem tão diferente de sua realidade, rico, formoso em atitude, em corpo e alma.  

Ali não acabava seu tratamento emocional, seu amado queria saber como se colou naquele espaço. Ela não quis relatar nada que a comprometesse novamente, mas pressionada, Julia disse quem fora os malfeitores de seu delicado estado.

Para estes, o fim seria praticamente certo. Alejandro Mendonza, demitiu e grande parte dos que ousaram prejudicar os planos daquela pobre jovem. No entanto, piedosa, Julia pediu os recontratou e os teve como seus empregados, todos que as reprovavam foram diminuídos e passaram por tarefas sacrificadas para manterem-se livre de piores castigos.

 Na união de um chefe com sua empregada foi explicitamente esplendida, tendo alguns funcionários que se serviram de tapete para a entrada de Julia e Alejandro no casamento.
Por: DAVI ALBUQUERQUE 


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