quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

O QUE 8 MESES DE DOCÊNCIA ME ENSINOU?

 


Durante 8 meses vivenciei uma das práticas profissionais mais nobre no mercado de trabalho: Ensinar, educar e cuidar. Muito mais do que produzir e manusear máquinas, há neste mercado um objetivo mais imaterial, formar pessoas. A produção é mais minuciosa e delicada. Não há espaço para exigências frias e vazias. Tampouco, força para construir, pois construímos com a mente e o coração.

Enquanto professor/educador, percebi que as crianças estão solitárias. O ambiente escolar tornou-se campo de concentração para refugia-las e externar emoções triviais. Cada vez mais negligenciadas pelos responsáveis e mercantilizadas pelo sistema, as nossas crianças vivem em constante aceleração pela busca do que as proporcionem significado existencial. O descaso e a ignorância dos adultos as fazem agir com descaso consigo mesmas.

Carentes de afeto, respeito, atenção, princípios e valores que as formem para uma vida justa e humana. Embora não seja essa a função do professor, mas se queremos um lugar saudável, precisamos antes de tudo, trabalhar aspectos que contribuam para o processo de aprendizagem com menos prejuízos.

Por estas razões que aprendi:

Ouvir para ser ouvido

Respeitar para ser respeitado

Oferecer o seu melhor para receber o melhor

Ser sensível ao outro para que seja sensível a você

Comunique-se com clareza para obter retornos claros

Ser sempre educado para colher educação

Para a execução desse posicionamento faz-se preciso compreender a identidade de cada criança, sua cultura, suas relações sociais e étnico-raciais. Compreender a influência desses conceitos na docência fortalece o elo entre educação e democracia. 

São as nossas necessidades orgânicas, afetivas e racionais que nos levam ao trabalho. E para que haja sentido no que fazemos é preciso haver uma motivação que atenda aos critérios subjetivos e sociais. Não é fácil ser professor em uma sociedade mal-educada emocionalmente e intelectualmente. Somos submetidos a uma responsabilidade que transpassa todos os setores: preparar e capacitar pessoas para que deem continuidade ao que já existe.

Precisamos nos cuidar! Evitar tudo aquilo que destrói o senso de humanidade: gritos, xingamentos e violência em quaisquer formas e modalidades. Tornar cultural o hábito de oferecer o lado bom para também receber o lado bom. Eu aprendi em 8 meses de docência que necessitamos ser cada vez mais sensíveis se quisermos de fato uma educação baseada em direitos e deveres capazes de serem cumpridos. 

Davi Albuquerque


domingo, 29 de outubro de 2023

MINHA PROFISSÃO DE PROFESSOR

 

                                                      arquivo pessoal


Ainda quando criança minha brincadeira preferida era Escolinha. Através dessa brincadeira eu realizava o meu desejo de ser professor. E de tanto optar quase sempre por essa brincadeira, já era quase certo que eu seria professor.

Por haver alguns parentes na profissão, meus pais tinham muito estima pela profissão de professor e perceber que meu apreço pela mesma profissão exercida por tias, primos e conhecidos íntimos... seria motivo de satisfação.  

Levei comigo esse proposito até meus 15 anos. Sustentei a ideia de ser professor com muito gosto e força de vontade, porque ser professor exige-nos bastante força de vontade.  E por gostar de Espanhol, já tinha definido minha graduação: Letras. Ensinar espanhol tornou-se meu sonho.

Contudo, como todo adolescente inseguro e de fácil influência pela opinião dos amigos, resolvi mudar completamente meu anseio profissional. Passei por um longo período de ansiedade e idealização pela profissão de jornalista. Eu almejava tudo aquilo que a profissão de professor não tem: prestígio, valorização e status.

No entanto, eu nasci com destino traçado. Aos 25 anos, ingressei na graduação em Pedagogia, a base de todas as demais licenciaturas. Durante a formação, eu me vi pertencente á educação e como uma hipnose, revivo na realidade a mesma sensação de quando ser professor não passava de uma brincadeira de criança.

Embora parecesse uma brincadeira inocente (escolinha), eu realizava todas as atividades com intencionalidade pedagógica. Isso acontecia porque eu me inspirava em meus professores e reproduzia com objetivo e empenho aqueles conteúdos que levava aos amigos. Eu sempre tive essa vontade de quando aprendia algo novo querer passar para alguém, e essa foi uma característica marcante que me fez enxergar-me como professor.

Desafiadora e árdua é a profissão de professor, mas não me vejo fora dessa dimensão. Quero todos os dias tornar o sonho da minha criança uma realidade alegre e contagiante.

Davi Albuquerque 

sábado, 14 de outubro de 2023

DIA DO PROFESSOR, A PROFISSÃO DAS PROFISSÕES

                                                               15 DE OUTUBRO


Para todo aquele que deseja aprender um ofício, faz-se necessário o auxílio de alguém que o ensine e o motive. Damos a esse alguém o título de professor, o responsável por gerar outras profissões. Informalmente ou formalmente, o professor pare o médico, o engenheiro, o pintor, o eletricista, o motorista, o advogado e o próprio professor.

Como toda mãe que sofre o desdém de alguns filhos, a profissão de professor é pouco reconhecida, tem seu zelo durante a gestação, mas o menosprezo após dar vida a outras profissões. Infelizmente, mesmo sendo essa figura valiosa na sociedade, o professor não recebe a merecida atenção, deixando-o assim, um mero reprodutor do saber.

É triste e lamentável essa comparação, mas é um fato. Sabemos que há muito tempo esse profissional sofre com o desprezo e a ingratidão, sim a ingratidão. Se os demais profissionais fossem de fato gratos, não aceitariam que seus mestres recebessem o mínimo: prestígio, bons salários e maiores incentivos. Não permitiriam que seu status superasse o de um professor.

Professor passa fome, professor não faz nada... frases como essas destrói toda auto estima dessa nobre profissão. E é por opiniões como essas que muitas pessoas adiam ou desistem do sonho de ser professor. 

Segundo o Semesp, o Brasil terá uma falta de 235 mil professores até 2040. É um dado alarmante que evidencia o quanto esta profissão padece de políticas públicas que viabilize melhorias nos serviços de educação para estudantes e professores, sendo esses últimos, os mais carentes de valorização por realizarem um árduo trabalho no ambiente de trabalho e ainda em casa.

Precisamos levar aos centros de debate, com maior força e educação, o desejo de ressignificar a profissão de professor. Agir com a mesma autoridade que o advogado e desenhar um novo cenário para a educação como o arquiteto.

15 de outubro, Dia do Professor, necessita ser urgentemente uma data de luta e de glória, precisamos conquistar a fama de um protagonista empoderado e sucedido. Perder algumas idealizações pode ser o recomeço de uma nova história para estes profissionais. Encarar os desafios com a certeza de que há situações que nos valem lutar e outras... essas outras deixemos para quem cabe a responsabilidade: os pais e os Estado.

Davi Albuquerque, pedagogo em formação.